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Intercâmbio Cultural Quilombola Aprendendo sobre resistência e organização em  IVAPORUNDUVA

Quatro dias de lições e aprendizado diversificado em uma grande e rica escola a céu aberto, cravada no meio da Mata Atlântica. Essa é a melhor forma de resumir a passagem de 40 representantes quilombolas do QUIPEA – Quilombos no Projeto de Educação Ambiental – pelo Quilombo de Ivaporunduva, localizado no coração do Vale do Ribeira, em Eldorado, na divisa dos estados de São Paulo e Paraná.

A visita aos quilombolas paulistas aconteceu dentro do I Intercâmbio Cultural. O objetivo principal do evento foi fortalecer a identidade étnica e social que é compartilhada pelas 20 comunidades participantes do QUIPEA através da troca de experiências culturais com outros quilombolas.

Em Ivaporunduva, guiados pelos guias turísticos e pelos líderes do quilombo, os quilombolas visitantes puderam assistir na prática o funcionamento do turismo étnico e aprender sobre a cultura africana que segue viva na região, a história dos primeiros quilombolas que ali se estabeleceram, bem como os modos de organização dentro da comunidade, que integra preservação do meio ambiente e acesso às políticas públicas e sociais como pilares estruturantes para preservação da cultura, do território e do modo de vida praticados.

Lição dentro da Igreja

Em Ivaporunduva, todo serviço de hospedagem e alimentação é realizado pela própria comunidade, que construiu sua própria pousada. Assim, a primeira atividade dentro do Intercâmbio Cultural foi a caminhada da pousada até o centro da vila, onde está situada a Capela a Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos de Ivaporunduva, datada de 1775. Lá, Benedito da Silva, mais conhecido como Ditão, um dos líderes da comunidade, deu lições sobre a organização comunitária e o crescimento do quilombo a partir do acesso às políticas públicas.

"Antes nem todos os dias tínhamos arroz na mesa. Hoje, com o acesso às políticas públicas e o fortalecimento da associação dento do quilombo, a coisa é diferente. Pode olhar aí, quase toda família tem seu carro novo na garagem", exemplificou Ditão, mostrando a importância da organização comunitária.

Preservação e turismo

Durante o Intercâmbio, Ivaporunduva mostrou formas de uso consciente do território. Os anfitriões levaram os quilombolas do QUIPEA para conhecer dois patrimônios naturais da região e da Mata Atlântica, ambos gerenciados e preservados pelos próprios quilombolas, que primam por um turismo que não impacte de maneira negativa na natureza. Assim, além de conhecer as riquezas naturais do Vale do Ribeira, os visitantes aprenderam sobre o controle responsável do território. Paulo da Silva – filho de Ditão e um dos líderes da comunidade – alertou os convidados: "se tivéssemos aceitado a interferência e gestão externa do nosso território quando descobriram esse potencial turístico, essas natureza provavelmente não estaria mais aí assim".

Banana orgânica: o ouro quilombola

Ainda sob o comando de Ditão, parte dos quilombolas visitaram o bananal orgânico, onde foram ensinadas as técnicas agroecológicas de recuperação do solo e do cultivo da banana, bem como toda a logística para processamento e venda do produto e seus derivados. Também foi falado sobre o sistema de divisão da receita que a banana gera e que está vinculado à atuação forte da associação dentro do quilombo.

A riqueza das plantas medicinais

O outro grupo dos visitantes foi levado para fazer a trilha que leva às ervas e plantas medicinais que fazem parte da Mata Atlântica e que são usadas de acordo com o conhecimento dos antepassados dos quilombolas. Lá essa sabedoria foi compartilhada com os quilombolas do QUIPEA.

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OPERADOR:

ÓRGÃO LICENCIADOR:

A realização do Quipea é uma medida mitigadora exigida pelo Licenciamento Ambiental Federal conduzido pelo IBAMA.

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